segunda-feira, 26 de setembro de 2011
Reformar o eu
Primeiro considera profunda e sinceramente Se tens que reformar teu próprio interior. Se concluíres que sim, Saibas, desde já, que não será tarefa fácil.
Terás teu próprio eu como teu maior adversário Nessa grande reforma. Se, mesmo assim, Decidires que teu tempo de mudança chegou, Não cometas o erro de tentar, Porque tentar, apenas, é pouco! Faça ou não faça!
Entretanto, Se te julgas suficientemente forte Para vencer teu dragão interior, Então, começa pelo coração!
E não deixes pedra sobre pedra, Sequer aqueles entulhos de sentimentos Tão carinhosamente guardados Para quando um dia possas vir a utilizá-los.
Desfaz-te dos antigos quadros que já nada dizem, Apenas doem, Pregados com pregos enferrujados na parede da alma...
Abre as janelas de tuas aspirações Para o sol da manhã de um novo dia de realizações, E deixa a luz purificadora do sol das ousadias Invadir os cantos escuros de tuas preocupações - por perigos, talvez imaginários - Onde escondias tuas dores irreveladas.
Ouve os trinados dos pássaros de teus sonhos A te entoarem novas e reveladoras melodias.
Abre a porta de tua mansão do passado, E vejas o caminho dos teus ideais Abrindo-se em felizes e brilhantes futuros, Enfeitados pelas flores das muitas alegrias Que te esperam ao longo da jornada.
Caminha por ele. Não! Não leves nada! Não cedas à tentação de levar contigo doces lembranças de um passado feliz. Ela será o teu veneno, E te fará verter lágrimas Por algo que não pode ser revivido nem alterado, Quando deverias sorrir Pelo verdejante vale de alegrias Que te aguarda e com as quais nem sonhas.
Abre as janelas de teus embolorados projetos Há tanto adiados E deixa o frescor da brisa de novas metas Estabelecerem novos rumos para tua vida. Pinta de cores novas e alegres Teus porões, E deixa que a luz de novas promessas de vida os ilumine E invadam os nichos de tuas reticências.
Não temas a noite silenciosa de tuas incertezas, Nem as chuvas ocasionais de tuas tristezas. Elas virão, com certeza. Mas, noites podem ser belas, Se, ao contrário de olhares para a escuridão Que nada transmite, Decidires olhar para o céu e contar estrelas, E vê-las como purpurinas Com que Deus enfeita a festa da descoberta do encontro com teu próprio eu.
Chuvas podem ser revigorantes, Se decidires não apenas Olhar para os rios de tuas atribulações, Transbordantes de preocupações, Mas te detiveres a observar Os novos ramos de esperança de vida Que nascem após a tormenta.
Abre as portas daquele armário de espelhos, Onde guardavas apenas os reflexos de tuas boas intenções, E olhando tua própria imagem refletida, Faze valer a pena ser tu A única coisa de valor que vale a pena ser guardada ali. Desfaça-te de tudo o que possa ser apenas miragens, E vá à feira de novas aspirações, Onde poderás adquirir novos adornos para tua alma.
Não te deixes iludir por muitos brilhos. Procura as coisas simples, Porque serão sempre as mais verdadeiras. Sai de tua pálida estada Nas sombras da saudade e da desesperança E vai para a luz irradiante do sol das novas perspectivas.
E quando estiveres caminhando Pela estrada do encontro com teu próprio coração, Olha, de vez em quando, para o alto, Para o cimo das montanhas, Porque é lá que nascerá, para sempre, a cada manhã, O raiar de um novo dia!
Sidney Cespeda
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