terça-feira, 26 de março de 2013

Você escolhe a sua forma de ser e agir, e não os outros.


LIBERTAÇÃO DA LEI DE CAUSA E EFEITO


Uma mulher estava na porta de um mosteiro, pronta para entrar e fazer suas orações e meditações habituais. Mas antes de cruzar o portão de acesso, seu namorado a chamou e ambos foram conversar.

Nesse momento, um monge saiu do mosteiro para ver o movimento diário de fora do templo. Ele contemplava as pessoas entrando e saindo quando percebeu que o namorado da moça iniciou uma discussão com ela, e aos berros a ofendeu. A moça ofendida não deixou por menos; gritou com ele e proferiu muitos xingamentos. Ele então saiu muito irritado da discussão e ela veio para dentro do mosteiro, também com muita raiva dele. A moça olhou para o monge e percebeu que ele havia presenciado toda aquela cena de conflito. Um pouco envergonhada, ela disse:

- Você viu tudo, não?

- Sim, mas não tem problema, essas coisas acontecem, disse o monge tentando amenizar o constrangimento da moça.

- Desculpe, mas eu sou assim, sabe? Disse a moça. Quando alguém me trata bem, eu trato a pessoa bem; quando alguém vem discutir comigo, eu também discuto; quando a pessoa grita e me agride, eu também grito e agrido a pessoa. Eu simplesmente respondo da mesma forma e com o mesmo grau o tratamento dispensado a mim.

O monge, sem esboçar nenhuma reação, ouvia o relato da moça em silêncio… Ela continuou:

- Quem me faz bem, a esse eu também faço bem. Quem me faz mal, eu devolvo na mesma moeda. Essa é a minha filosofia de vida, e é algo bem simples. Seja legal comigo, e serei legal também; agrida-me, e também serei agressiva. É assim que tudo funciona no universo. Essa é a milenar lei do karma, ou lei de causa e efeito. Tudo que vai, volta; tudo o que me fazem, eu faço a outros. As pessoas terão de mim o que elas mereceram com suas próprias ações. O senhor, que é monge, não concorda com a lei de ação e reação e seus desdobramentos na vida humana?

- Sim… Não há como refutar uma declaração tão lógica e precisa da lei de causa e efeito, disse o monge.

- É assim que eu vivo a minha vida, seguindo uma lei natural, a lei de causa e efeito – disse a moça num ar de superioridade, acreditando que havia encerrado a questão.

- Só há um problema nessa visão… disse o monge.

- Qual? Respondeu curiosa a moça.

- O problema dessa postura é simples: sempre que alguém discutir, te ofender ou agredir, você será sempre obrigada a responder na mesma moeda, com a mesma ação cometida contra ti. Neste caso, quem passa a decidir o seu estado de espírito e seu comportamento não é você mesma, mas sim o outro. Você será sempre forçada a viver no estado emocional que outra pessoa provoca em você, e jamais você terá controle de si mesma e tampouco sua vontade estará preservada. Toda vez que alguém te ofender, você ofenderá; toda vez que alguém te ferir, você também ferirá; você será apenas uma reprodutora de efeitos cuja causa é externa a você. Comportando-se dessa maneira, você perde sua autonomia, sua independência, e passa a ser apenas o que o outro faz de você ou quer fazer de você. Uma pessoa que age assim com o tempo vai se despersonalizando e perde a si mesma. Por outro lado, a lei de causa e efeito é uma lei mecânica do mundo material, mas o ser humano pode e deve se libertar dela, superar sua influência, a fim de transcender a prisão das causas e dos efeitos que geram confusão e infelicidade. Aqueles que vão além da lei de ação e reação não se tornam aquilo que o outro faz deles, mas passam a ser livres de ingerências exteriores e vivem mais tranquilas e felizes. Assim, você passa a decidir sobre sua vida, e não os outros.

- A moça ficou surpresa com a resposta do monge, concordou, agradeceu e foi meditar. Quando a moça estava indo, o monge disse:

- Não se esqueça… você escolhe a sua forma de ser e agir, e não os outros.

(Hugo Lapa)


Texto retirado:
http://www.espiritbook.com.br/profiles/blog/list?user=02hf98wgxe16q


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